segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

This is not my beautiful house

Falar de disco ou filme favorito é uma armadilha.
Sua escolha/seleção pode variar de acordo com tempo, vivência, etc.
Mas tem certas coisas que você não deixa pra trás.
É impossível deixar "Love will tear us apart", do Joy Division.
Impossível também esquecer de "De volta para o Futuro", seja parte 1, 2 ou 3.
Fez parte de minha vida.
Mas isso é leitura biográfica, não o que quero escrever aqui(!).
Mas, abaixo, é uma tentativa de resenha, cara de pau mesmo, cheia de teorias absurdas.

And you may ask yourself-well...how did I get here?

Um disco estranho.
Se você gosta de Talking Heads, e o ouve pela primeira vez, vai achá-lo mais estranho ainda.
Lembro de ter lido numa resenha de um crítico inglês, Simon Reynolds, uma comparação deste disco, numa reportagem sobre a banda Radiohead, com "Kid A", disco desta banda.
Achei que tinha tudo a ver.
O fã de Kid A, digo, o fã de Radiohead, provavelmente ache a comparação absurda.
Mas fã tem uma visão caolha da coisa.
Provavelmente, nem o próprio Kid A ele entendeu.
Provavelmente, ele não entende nem o Radiohead.

"Same as it ever was...same as it ever was...same as it ever was..."

Não é música pop.
É pura música pop.
Discos assim nem são tão novidade na música popular.
Procurar novas formas musicais, pelo menos a meu ver, seria obrigação de qualquer, han, "artista", músico.
Sabemos que não é bem assim.
E sabemos também que quando o sujeito consegue levantar o nariz da merda, ele começa a se achar Deus.
Tu não é Deus meu irmão, tá longe disso.
Só fez algo interessante.
Ponto.
Mas pegue como exemplo o próprio David Byrne, a cabeça-falante mor, pra ver como isso é difícil de fugir.
Depois de ver/ter a "luz".
Remain in the Light é A luz.
Algo além de música pop, sem em momento algum, deixar de ser música pop.
Algo como Kid A.
Algo como "Smile", o disco parido de Brina Wilson depois de quase 40 anos.
Comparações à parte.


"Water dissolving...and water removing"







Remain in the Light divide o Talking Heads entre a banda bacana do CBGB, e a banda pop dos anos 80.
Divide o ranço punk à disco music, e o rancor disco ao punk.
O devaneio setentista do escapismo consumista dos anos 80.
O "artista" do músico popular.
E soma tudo isso.
Nem que seja por alguns instantes.
Nem que seja durante todo o tempo do disco, e mais algum tempo.
Mântrico?
Talvez.
Presunçoso?
Com certeza.
Inteligente?
Isso é presunção.
Presunção, como vaidade.
Presunção, como suposição.
Presunção, como em consequência que a lei deduz de determinados atos ou fatos conhecidos para estabelecer como verdadeiros fatos desconhecidos.
Sagrado?
Só pra mim, que sou fã.



Talking Heads, 1980 - Remain in the Light

"And you may find yourself in another part of the world".


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

P-51, cadillac of the skies

"That's great, it starts with an earthquake, birds and snakes, an aeroplane"

Você pode tentar.
Faça da seguinte maneira:
Use uma frase de algum diálogo de um filme.
Some com uma parte de uma música.
Misture com uma experiência própria.
Tente achar alguma relação.
Livre associação.
Agora, você pode ter bem mais do que a soma das partes.
É um próximo passo.
Aí que a coisa pode ferver.
Estou tentando expressar uma possibilidade atual, digo atual, porque a explosão de informações que cada pessoa tem nesta época é impressionante.
"Lenny Burnside is not afraid. Eye of a hurricane, listen to yourself churn"
Imagine os filmes de Tarantino, Guy Ritchie, entre os "recentes", ou pegue um daqueles filmes ingleses policiais da década de 70. As relações são feitas, o suspeito é qualquer um.
E a relação de camadas, como um bolo.
Você saboreia o glacê, é o primeiro que está a mostra.
Mas a massa também pode vir a ser interessante.
Eu particularmente adoro a cereja.
Que não é cereja. Pois é, é gelatina.
E na cereja que vou focar pra tentar me aproximar da idéia.
"Leonard Bernstein. Leonid Breshnev, Lenny Bruce and Lester Bangs."
Como eu vejo a cereja.
Como eu via a cereja.
Como você vê a cereja.
Ou como qualquer um vê a cereja do bolo.
Pra mim sempre foi cereja.
Minha namorada sabia que não era cereja.
Minha visão de cereja mudou graças a UMA informação.
Não é mais cereja.
Você viu um filme com 10 anos.
Outro viu o mesmo filme aos 15.
E outro aos 30.
Serão visões diferentes.
Assim como pessoas da mesma idade terão visões diferentes sobre o mesmo filme.
Ou você terá visões diferentes do mesmo filme, se vê-lo em momentos diferentes de sua vida.
Pois terá informações diferentes a respeito do filme e de sua própria vida.

Da mesma forma funcionará com música, entre outras coisas.
E dentro de seu conhecimento sobre determinados assuntos, você pode, sozinho, ou em conjunto, criar novas possibilidades de pensamento, arte, vida.
São essas pequenas e inúteis inter-relações que podem fazer sua vidinha ser algo, hum, interessante.
No momento?
Tento entender um vinil que encontrei ontem em um sebo, do qual não sabia a existência (não sei porque não o conhecia, já que os envolvidos no mesmo são próximos a mim; Golden Palominos, Bill Laswell, Michael Stipe, John Lydon, Jack Bruce, etc.)
Cheio de relações internas.
Como uma cor a mais na palheta.
Vai aí um link que postei no rapidshare, da primeira música do disco, que encontrei na net e estou repassando.
Golden Palominos, "Boy (Go)", do disco "Visions of Excess"*:

http://rapidshare.com/files/184230544/01_Boy__Go_.mp3.html

*A relação do título desse post, da música, ou do nome do disco, faça por conta própria.
A sua maneira.

"And I feel fine"


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais

"Imagine saber uma notícia de última mão. Imagine saber essa notícia de diversas fontes. Imagine, poder fazer uma análise dessa notícia. Sim, você mesmo. Publicá-la!
Jogar o jogo que você quer no ato.

A mesma coisa com filmes, música!
Interagir com pessoas de diversas culturas e interesses.
Interagir.

Colocar sua opinião."
Agora acorde.
Você não sonhou com o futuro.
E não caia no conforto de que foi um pesadelo também.
Não é futuro, é agora.
Futuro, creio eu, está longe disso.
Percebe o poder individual disso?
A globalização/internet permitiu, ao contrário da idéia difundida de mundo em que todos sejam os mesmos, iguais, com as mesmas informações, que sejamos totalmente diferentes.
Cada indivíduo como um universo, não apenas como uma estatística.
Pareço otimista demais?
É só abrir o olho, amigo.
As gravadoras, produtoras, estúdios, editoras, ainda não souberam como explorar isso.
O que FAZER com isso.
É melhor que poucos abram os olhos, pois eles tem que ganhar dinheiro.
Essa é velha.
Prender pessoas porque baixaram discos?
Colocar avisos em introduções de dvd chamando de criminosos quem comprou um dvd pirata?
Fechar sites e blogs que disponibilizaram tais "serviços"?
Parece aquela história do carro elétrico, mais ou menos famosa. Sabe, aquela quer passa de boca em boca, mas que ninguém sabe ao certo que é verdade?
"Um cientista foi preso e todos seus segredos sobre um carro elétrico projetado a tempos foram destruídos, por empresas petrolíferas que só querem dinheiro"
É, bem ficciosa, assim mesmo.
Igual a gravadoras que decidem, através de gráficos, quais tipos de música você QUER ouvir.
Ou como os Estúdios Disney, assim como outros estúdios de cinema, fazem gráficos de nuances de emoção que o expectador deve sentir ao ver um filme, sobre determinado público, para SATISFAZÊ-LO.
Tudo acima é teoria da conspiração, correto?
O quê VOCÊ quer?
O quê satisfaz VOCÊ?
Hum.

Você compra um disco dos Sex Pistols, ou sei lá quem, berrando contra o sistema, mas logo abaixo no encarte, um logotipo de uma multinacional?
Que revolucionário você.
Ou eles.
Agora ligue a tv, espere por eles, eles vão lhe dar a informação.
Quando eles quiserem.
Do jeito que quiserem.
Se quiserem.
O futuro pra eles?
Bem, o futuro é igualzinho a semana passada.
Para todos.
E para você?
O sorvete realmente vai te deixar gripado pelo resto da vida?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Você nunca fala sobre

Repetição.
O ciclo idiota, é repetido pra você?
Bom, sinto lhe informar, sua primeira tentativa já era uma repetição.
Duro assim.
É filosófica, eu sei (Sócrates?), provavelmente patética, a afirmação.
Viver sempre da repetição, uma sina.
Digo patética porque a constatação é óbvia, mas a negamos sempre.
Compre um carro de um modelo esportivo e sinta-se aliviado.
Não será original.
É mais fácil viver assim.
A velha e tola constatação que só a ignorância traz felicidade.
Mas você já nasce de uma repetição.
O ato consumado é repetido, não criado.
Não caia nessa de Criação com "c" maiúsculo.
Música? é repetição. Variação de acordes, no máximo.
Filmes? repetições de idéias.
Muitas vezes feitos "pela grana".
Muitas vezes?
Assumir o sempre faz sua derrota mais amarga, e não estou aqui pra isso.
Você vive repetindo idéias que lhe foram despejadas por outros.
E durante a vida, repete as suas próprias "idéias".
Esta é sua vida.
Não tem nada de triste nisso, perceba, somente.
Esta é sua vida.
O próximo passo pode ser maior.
Esta é sua vida.
Quem sabe você aprende a nadar?
Esta é sua vida.
Só não termine, no fim, como uma cópia fodida dos sonhos dos outros.
Esta é sua vida.
Bem vindo ao clube.