segunda-feira, 18 de junho de 2007

Disco é Cultura



Lembro de quando era moleque: as loiras na tv me tratavam feito imbecil, renato russo era Deus para muitos, e disco era algo que eu ouvia dos meus tios. Filmes também.
Bom, o tal Deus dos outros morreu, me lembro das risadas que meu tio dava enquanto ouvia uma transmissão de um show em BH da legião urbana, acho que em 88. O cara tinha levado um tênis na cara. Guardei pra mim que foi meu tio quem jogou o tênis, diante das risadas, mas hoje tenho certeza de que não foi ele.
Minha mãe me levou num desses shows de loira no Mineirão. O que eu lembro é de como achei grande aquele estádio! Depois, com a idade, voltaria muito ali para sofrer com o esquete alvinegro, mas isso conto depois.
Dos discos dos meus tios, um que sempre me vem a cabeça é o "black'n'blue', dos Stones. Foi o meu primeiro disco de gente! E vinha algo interessante escrito em todas as capas, além deste: 'disco é cultura'.
Disco é cultura. Essa frase, sumiu com o tempo das capas de disco. Coincidentemente com a passagem do vinil para o cd. Disco não era mais cultura?
Claro que a indústria musical, nunca foi a santinha que pretendia disseminar cultura pelo mundo afora. Se fosse assim, teríamos, como temos bibliotecas, locais públicos, quem sabe as próprias bibliotecas, para ouvirmos um disco dos beatles, alice cooper, tim maia, etc., pegar emprestado e devolver 10 dias depois...

'Você está louco?', diria um executivo da indústria musical ou cinematográfica, porque essa idéia também poderia abarcar filmes. Mas é estranho pensar que isso afeta consideravelmente o mercado.
Bibliotecas armazenam e emprestam grandes quantidades de livros, e muitas vezes até solicitam uma doação de alguma editora de um livro de interesse geral. Isso alguma vez quebrou uma editora? Posso estar enganado, mas acho que não.
Retirando a frase, antes uma publicidade quem sabe 'positiva'; "disco é cultura" das capas de seus discos, parece que em determinado momento as Gravadoras disseram para o consumidor/apreciador de discos: "É nós só queremos a sua grana". Vamos vender Xuxa a valer! Que espertos!
Venderam compact discs de bandas que nunca pensaram que fossem vender tanto novamente; todos queriam rearranjar sua coleção de rolling stones e pink floyd naqueles pequenos discos, além das vendas já consideráveis de lançamentos. Viveram sorrindo durante uma década e meia.
Mas, de repente, o que aconteceu? Uma tal de internet,p2p, emule, you tube,nomes que pareceriam nomes de bandas de um século 21 numa versão odisséia do espaço surgem e simplesmente distribuem todo o conteúdo fonográfico para computadores do mundo inteiro. Assim como filmes! E, pior para as Gravadoras, DE GRAÇA!
Era o fim; logo elas tentavam processar sites, pessoas, velhinhos que tinham computador no qual os netos haviam baixado discografias completas de led zeppelin, black sabbath, radiohead. A Indústria do Entretenimento, acuada, de tudo tentou para evitar o fim de seu lucro fácil, que dominava em correntes os artistas (alguns também lucrando, é verdade), e principalmente, o comprador. Ouvinte. Expectador.
Antes, era fácil, quer ver: comprava-se horário em uma rádio. "Olha só, eu tenho aqui uns tantos dólares e você vai tocar pra mim, Sr. Rádio; Zezé di Camargo, Legião Urbana, Frank Aguiar e Twist'n' Shout (Beatles sendo vendido dessa forma). E o que era isso?
Segmentação. Zezé di Camargo, para um público menos erudito, popular. Assim como Frank Aguiar. E melhor, vendido como algo que valorizava as raízes nacionais! Meu Deus...
Legião Urbana servia para o rapaz ou garota 'contestadores', aquele que não está satisfeito com o sistema. HAHA


Um Satisfaction, Twist'n'Shout, para o tiozinho saudosista. 'Ah, os beatles eram os melhores'.
Não fui eu quem criou esse método. Não seria tão esperto assim. Foram os gênios da Indústria.
A troca de arquivos na internet permitiu que o conhecimento da cultura popular não fosse mais cobrado, como nunca deveria ter sido. É a biblioteca virtual! Você agora, vai poder ouvir ou ver aquele filme ou música/banda que só ouvia falar numa revista, e não tinha como pagar 50, 100, 200 pilas! E melhor, vai poder ver/ouvir se aquilo realmente vale o investimento!
A Indústria está desesperada. Não lucrará sobre todos, não mais. Pobre Indústria.
Mas também não é o fim. Existem os apreciadores de discos e filmes, assim como os de livros, que nunca deixaram uma editora morrer, mesmo tendo lido o livro que acabou de comprar, de graça, numa biblioteca pública. É questão de paixão.
Assim como existem os apaixonados por discos e filmes, e estes tendem a aumentar, porque conhecerão algo que provavelmente muitos antes não teriam como conhecer. E gostarão do que viram ou ouviram. Igual foi a minha sensação com Black'n' Blue dos Rolling Stones.


p.s.: Twist'n' Shout não foi composta por nenhum beatle, foi só gravada por eles. Se quiser referência de beatles, vá atrás de revolver, sgt. peppers, white album.

Disco é cultura.
http://d.turboupload.com/de/366890/ipcssgx0x3.html

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Espada de Greyskull


Meu Deus. Os anos oitenta foram terríveis então. Fui numa festa de faculdade uma vez, as pessoas, bem, provavelmente eu era uns dos mais velhos ali, senão o mais. As pessoas cantando e dançando músicas horríveis desses anos verde-limão. Todas na faixa de idade que, se muito, lembram de 1990,91. E sabiam as porcarias das músicas de cor. Músicas? Bom (uff) ; Balão Mágico, Trem da Alegria, Kid Abelha, Dr. Silvana, Culture Club, e por aí vai...
Outro dia, um baixinho com fantasia de He-man num cartaz: "Festa Anos 80". Jesus.

Só existiam idiotas nos anos 80? Era isso então?
Bom. Não sou eu quem vai por a mão no fogo por eles. Me lembro bem de algumas coisas, hãn, constrangedoras: os clipes do Culture Club realmente eram horríveis, loiras dominavam a mente infantil, polainas, metal-laquê de Los Angeles, e coisas até boas, mas com aquele quê vanguarda (!) que os anos oitenta insistiam; aquele pôr-do-sol com uma coruja do Blade Runner dá arrepios...

Mas havia muita coisa boa naquela época também, pôxa! Mesmo que em minoria, a vida inteligente não despovoou este planeta a partir daquela época. Onde estão as lembranças de grandes bandas daquela época: Smiths, Echo & the Bunnymen, New Model Army, X, Jane's Addiction, Violent Femmes, Sonic Youth, Pogues, entre muitas?
As vezes até os remanescentes dessa época parecem se esquecer; basta ouvir os últimos discos do Red Hot Chili Peppers ou do REM para comprovar isso. Bandas ótimas naquela época, que se perderam com a velhice.
A culpa não é essencialmente dos anos oitenta. É da velhice.
Esses garotos e garotas de 20, que não querem esquecer da infância;
Esses garotões e garotonas de 30, que não querem esquecer a adolescência;
Esses 'jovens' de 40, que querem me lembrar a toda hora do refrão (refrão?) de faroeste caboclo.
Está tudo na mente, mas como a gente quer que esteja.
Claro, não aconteceu somente com os anos oitenta. O 'Dark Side of the Moon' em vinil na casa de um tio de 50 e poucos me lembra os anos 70, assim como a coleção remasterizada do ABBA da minha tia, ou o DVD de Grease, que ainda faz os anos 70 sobreviver nos subúrbios.
A Indústria ajuda bastante nisso, é mais fácil 'sanear' os anos 60 com coleções dos beatles e stones, os 70 com reedições de led e pink floyd, os 80 é do he-man.
Por Greyskull, Shee-ra!

Parem de me tratar como idiota! Parem de vender Legião Urbana e Festa Ploc, como se fosse esse 8 ou 80 (sic). Graças a vocês mesmos, executivos de gravadoras, graças as suas imposições, a internet te derrubou!

"X" da questão:

http://d.turboupload.com/de/384141/f0slbt5yzb.html

Revólver

o segundo tiro que alvejou a música pop.


http://www.4shared.com/file/15735219/c1504a9d/_07_-_Revolver-1966.html

Faces da Morte

Fiquei pensando na cabeça pendendo para baixo de Ayrton Senna. "Ele mexeu a cabeça!", lembro de ouvir isso. Bom. Coisas de TV.
(in)Felizmente, não temos filmagens do acidente de James Dean. Ou do tiro em Lennon. Verei todos os meus ídolos morrendo em pay-per-view. Que ótimo! Com comentários em 5.1, ângulos diversos. Nada mais de 4 canais.
Li em algum lugar, Lennon: "Elvis morreu quando foi pro exército", ou algo assim. Bom, era numa entrevista, quando questionado sobre a morte de Elvis, em 77. Você congela uma figura na sua mente, e aquela torna o símbolo que te marca.
Estava eu, vendo uma corrida num domingo, e ouvi "curva Senna". Não era num GP do Brasil. Acho que era Canadá. Aí pensei, 'bem, realmente maior do que eu pensava". Senna se tornou símbolo de um esporte, como Pelé para o futebol. E o Schumacker?
Pensei que o porque que Senna sempre seria lembrado; sua morte, enquanto Schumacker, apesar de longe das pistas, está 'vivo'. Daí, lembro dos Beatles. Sempre maiores. Porque acabaram? Outras bandas acabaram também. Porque John Lennon morreu? Seria uma comparação com Senna lógica, mas Pelé está vivo. Existiu, existe, alguém no nível de Pelé? Até onde sei, não. E Senna?
Senna, em sua época, corria contra Alain Prost, Piquet, Manssell, entre outros. Estes também são lembrados como grandes. Daí, por mais estranha que seja a comparação, Beatles.
Não estou comparando Senna com Beatles, só a lógica. Nem posso dizer que sou fã de Ayrton Senna, nem tanto de automobilismo. Acho interessante, no máximo. Mas o que ando pensando é: Porque diabos os Beatles são os maiores? E, ponto final? Porque eles (con)corriam com os melhores adversários. Sim, a disputa era mais intensa. Na verdade, foi quando somente ouve disputa.


Marketing? Sim, os Stones são o maior exemplo disso. Mas só Stones e Beatles existiam nos anos 60, como tenta vender em coletâneas e propaganda as instuições falidas de nome "Gravadoras"?
Não, meu amigo. O consenso da verdadeira disputa era BeatlesxBeach Boys, aqueles garotos divertidos com pranchas de surfe e cabelo que não sentia cheiro de água do mar nunca. Brian Wilson viu Deus no Rubber Soul dos Beatles (eu demorei um disco dos Beatles a mais, mas é por isso que Brian Wilson é gênio e eu sou mortal). E dali empreendeu sua busca pelos anjos que culminou em um disco terminado somente 40 anos depois. Os Beatles eram realmente demais, hun?
'Ah, que nada, eu prefiro os Stones', diria meu tio. 'Beatles faziam canções para garotas'. Bom foi a foto que ficou na mente dele. Iêiêiê. Não percebeu ele que os Stones só descobriram o SEU som, no Beggar's Banquet, isso em 68. E que disco!, melhor ainda o que viria depois, pelo menos até 72, e que influenciou muita gente (Aerosmith e uma penca de bandas setentistas).
Influência tão grande quanto a de Ray Davies e os Kinks, que apesar de serem vendidos como "You Really got Me", vão muito, mas muito além. Vê isso? Duraria páginas e páginas de lixo de web, para mostrar o óbivo: que concorrência!!!
Com quem (con)corria um Nirvana? U2? Strokes? "Ah, poxa. Parece até que não haviam outras bandas tão boas quanto, senão melhores que essas em sua época. Sim. Haviam muitas. Mas de um tempo em que a repetição, o sample, faz com que o 'já ouvi isso antes' se torne recorrente demais. Parece que você tem todas as possiblidades técnicas possíveis pra fazer algo melhor. E não vai fazer. As artes plásticas estão presas faz 80 anos em Duchamp. Ele ri demais.
Todas as atitudes musicais do universo pop estão presas à adoração ou negação dos Beatles. Aquela coisa toda de 3 minutos, que faz você pular, sorrir, chorar. Vai ser transmitida de todas as formas, em efeitos, baixada em 4 mega. Há! A música pop morreu, e seu último registro foi em 4 canais. A foto desse momento, é um 'smile brianwilsiano' da Gioconda, feito em Paintbrush, 40 anos depois, jogado na web.



Duchamp ri.
Lennon ri mais ainda.

"A day in the life".


p.s.: acho que o Senna perderia para o Schumacker. E o Paul é o meu Beatle favorito.

Muitas e Ruins (Válvula de Escape)

Acabei de criar isso aqui, portanto, durante um tempo não farei jus a metade do título do mesmo. A outra já se iniciou com sua criação.