sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Quem sabe faz ao vivo?

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Talvez a única frase já proferida pelo gordo desde que ele foi transferido pro domingo, pra entreter vovós, que eu concorde.
Mesmo assim em termos.
Você já ouviu algum disco do B-52's?
Pegue o primeirão.
É classe.
Agora veja ao vivo.
Só conheço em vídeo.
É péssimo.
Mas é só um exemplo.

Na maioria das vezes, o ex-apresentador do Perdidos na Noite tem sua razão.
Já vi mais shows ao vivo.
Principalmente quando era pé-rapado (mais).
Por increça que parível.
Desde minha institucionalização, vi cada vez menos.
Pelo menos em pele e osso.
Porque, graças ao Youtube, nos últimos 3 anos conheço mais bandas ao vivo que poderia imaginar.
(Ao vivo -> Youtube? ok, bem confuso, rs)
Muitas já mortas.
Outras bem vivas.
Muitas nem tanto.
Ainda é o meu termômetro, mesmo assim.
Se não for de corpo presente, que seja no vídeo.
Não entendo por música, sem conferir a banda ao vivo.
Pixelada ou não.
Abaixo, 2 exemplos.



Arcade Fire.



TV on The Radio
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Nunca as vi sem pixalizar.
Mas foi a partir desses dois vídeos que comecei a gostar das bandas.
Já tinha ouvido pouco antes os discos, na época.
O Arcade achei bem legal.
TV on the Radio também.
Mas sentia falta de algo nos dois, principalmente no TV on the Radio.
Punch.
Mas, na hora do "vamu vê";
Quando o atacante mostra o seu valor;
Que são lá pelos '39 do segundo tempo;
A hora de definir.
É o momento em cima do palco pra banda.
E essas duas mandaram ver.
Assim como espero que mandem ver Radiohead e Kraftwerk, em março, quando finalmente vou vê-las ao vivo.
Em frames, Radiohead é excelente.
E Kraftwerk é, espero que confirme, bizarro.

Vamu vê!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Capitalism stole my Virginity

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Quem é o inimigo?
Quem é você?
Lembrando que chá de coca ainda é servido nos Andes.
E que antes se vendia em qualquer farmácia.
Que ter religião cristã era proibido em Roma.
Que não ter religião cristã era proibido na Idade Média.
Que LSD só foi proibido quando se popularizou.
Que rosto feminino à mostra é proibido no oriente médio.
Como uma erva natural pode te prejudicar?


..................................clique na imagem para melhor resolução



Quem é o inimigo?
Quem é você?
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

He was the young american


Alice Cooper e seu Freak Show.
Tento pensar em algo mais americano que Alice Cooper.
Talvez apenas Frank Sinatra, Elvis e Iggy Pop sejam equivalentes a Alice.
Frank já interpretou Alice. (só cantando, claro)
Iggy era amigo.
Elvis estava louco de bola e atirando em tv's.

Nada europeu poderia soar como Alice Cooper.
Bowie? Teatral demais, do ponto de vista cênico mesmo, não falso.
Alice é arrogante.
Bowie tao cênico quanto cínico.
Nada brasileiro poderia soar como Alice Cooper.
Secos & Molhados? Tropicalista demais, é possível notar uma postura política mesmo ali.
Alice é fanfarrão, usa um nome feminino por escárnio.
Ney é gay, e isso era bem sério na época.



Uma discussão forte, na época. E besta.
As máscaras.
Os Secos & Molhados sempre insistiram que eles inventaram de usar antes do Kiss.
Bom, Alice veio antes.
E bem antes deles vieram as máscaras indígenas.
Ou seja, a questão de qual tribo iniciou o baile de carnaval é tolice.
Isso é bem antigo.
Arte contemporânea?
Não, não é do tempo dele.
Logo não é contemporânea.
A população 'normal' captou bem até o Impressionismo.
Mais que isso em arte?
Vem o balançar da cauda do macaco, pouca aceitação.




Pecuaristas entendem por rock Creedence e Queen.
Hum, RPM.
Mas gostam mesmo é de brega.
E querem que todo mundo goste.
Até pregam que é chique de uns tempos pra cá.
Como se isso importasse.
Importou para jogadores de futebol.
Outro tipo beeem moderninho.
Bom, eles tem video-game de última geração.
E jogam com personagens que são eles mesmos.
Nada abstrato.
Bem impressionista.

Alice curtiu um tempo.
Quando ouvi pela primeira vez "School's Out", me senti como a parte em que o garoto Crowe coloca o Who pra tocar no quarto escuro, em "Almost Famous".
Ainda era moleque.
Que discão!
Ouvi o Lado A até quase furar.

Aí depois tia Alice ficou brega.
E quem não era?
E quem não é?
Ou você acha aquele quadro mal pintado de Villa Rica na parede da sua sala o máximo?
É só nostalgia campestre.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

They were supposed to be my dreams

A idéia, em princípio, é ser curta-metragista.
A minha idéia.
Não resumo, mas evitar delongas.
E longas.
Brincar com excessos mesmo assim.
Excessos pessoais me interessam.
Excesso de contrastes.
Digo técnica, psicológica e filosoficamente.
Brincar no limite do suportável.
Como rock'n'roll.
Ou jazz.
Ou, quem sabe, samba.
Mas doente, senão do pé, as vezes da cabeça.

Não tenho interesse na Meg Ryan, não me interessam as comédias.
Românticas então estou longe.
Novelas.
A obrigatoriedade de um começo, meio e fim.
Para viabilizar os meios.
Me parecem ultrapassados.
Não tem realmente um fim.
Apesar de para muitos ser o começo.

O disco que escuto hoje chama-se "Las Vegas Story".



Story sem "hi".
"High Fidelity".
Como no português.
Verdades sem documentação.
É quando falta "h" em estória.
Uma assinatura em cartório.
Um contrato.
Como faz a Meg Ryan quando parte para outra novelinha de duas horas.
DUAS HORAS?
É muito tempo...
"O Resgate do Soldado Ryan", por exemplo.
Puta filme ruim com uma sequência inicial maravilhosa.
O resto, são "os meios".
O fim eu nem vi.

Gun Club foi uma banda de um cara interessante.
Jeffrey Lee Pierce.
Ele era a banda.
De curta duração.
O " Las Vegas..." nem é considerado o melhor dele.
Eu considero o disco.
Não considero o melhor, não me importa.
São só contos.
Curtos, o maior de 5 minutos.
No total, meia horinha.
Nada de resumos.
Sem promessas de final feliz.
Sem promessas.



"You can't take and steal from this body..."


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Powaqqatsi

Inicialmente você nasce vagabundo.
Ninguém nasce como brinquedo, cheio de acessórios.
Isso é fato.
Não tem enxada, pasta, bisturi ou pincel que venha encartado no seu "pacote".
Mas você vai crescendo e as cobranças vão aparecendo.
No começo em puxões de orelha, depois em títulos.



Mas inicialmente, você não tem obrigação.
É vagabundo convicto.
A carga tributária vai sendo despejada por frustrações paternas/maternas.
Mas isso é com eles.

Fiquei os últimos 3 meses ouvindo muita coisa que não ouvia desde a adolencência.
Hardcore.
É bem, ahn, adolescente, eu sei.
Dead Kennedys, Ramones, Raimundos, Husker Du, Planet Hemp, New Model Army. Bad Religion.
E dos meus quase Alex 3.0 sem muitos acessórios, achei bom pacas.
Me diverti até.
Tinha até esquecido como era isso.
Não é nostalgia. [atualizando 18/02: deve ser também, mas é difícil admitir :) ]

É diversão sim.
Aquele som vagabundo.
E vagabunda a diversão.
Como toda deveria ser.
Depois vem a cobrança.
Mas isso eu deixo pros velhos.
Prefiro mudar de maneira diferente.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Transmission (ou "Porque eu odeio Guns'n'Roses Pt. 01")

Coreografia me lembra suor.
Não sou muito fã de gente preguenta.
Academia na minha cabeça sedentária, é tortura.
Aquelas batidas dance, fisiculturismo.
"Perco o cérebro em suor"
Humm...
Pior, só show de axé.
Ou de rock poser.
Sinceramente, eu quase não vejo diferença entre os 3.

O ogro do subúrbio agora levanta:
"Porra cara, tu é um mané, como é que você compara o VERDADEIRO Rock'n'Roll com axé ou academia?", diz o tal, babando.
Pois é.
Tem UMA diferença.
Roqueiros, digo, os auto-nomeados Roqueiros, se acham em algum tipo de movimento sindical.
Tem aquelas roupas pretas, que em nada combinam com o sol dos trópicos.
Aquele tipo machão, às vezes meio caminhoneiro.
Às vezes não só o "metaleiro", tem muito "punk" por aí assim também.
Correntes.
Lápis no olho.
Aqueles movimentos duros de mão.
E soltam pérolas do tipo: "Tal banda salvou o rock, cara!"
Mesmo que tal frase tivesse o mínimo embasamento, a conclusão é de que seria melhor que o comatoso gênero morresse, ao olhar pra quem solta essa.
E quem disse que ele queria ser salvo, se fosse perguntado?

É tudo de fácil assimilação.
Tão calculado quanto uma coreografia de "mãozinha pro alto" de banda de axé.
Tão inesperado quanto a próxima volta da bicicleta ergométrica.
"Mas ela nem sai do lugar!", o ogro diz.
Enquanto você acreditar naquela bandana na cabeça e o short enfiado no rabo do Axl Rose, você também não sairá de onde está.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Say Hello to Heaven

...

"Now how the dogs broke your bone"

O jargão capitalista.
"Ninguém é insubstituível"
Funciona muito bem.
Quando a vida é vista em gráficos.
Alto e seco.
Quando não é com você, óbvio.

Nem tudo é capital.

Você não escolhe seus amigos.
Eles vêm até você.
Não se iluda.

Perca um que você perceberá isso.
Nada ameniza.
Só engana.

"I never wanted
To write these words down for you
Theres just one thing left to be said

Say hello to heaven"

"É só virar na segunda estrela à direita e ir sempre em frente até o amanhecer"

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

When someone attacks your imagination

Procurei meios de todas as formas para me expressar sobre Robert Allen Zimmerman nesse blog.
Pensei em maneiras de como elogiá-lo.
Poderia, óbvio, usar de uma de suas canções.
Como o refrão de Jokerman, no que seria uma fase tardia (como no caso de vários contemporâneos dele, os anos 80), são uma das coisas que provavelmente nunca me esquecerei.
Vou usar realmente uma das canções de "Bob Dylan" para expressar minha admiração.
Mas vou usar como advogado de defesa de um personagem dele.
A quem ele acusa.
Sem piedade.
Mr. Jones.
Já digo de antemão que vou perder a causa.
E peço desculpas por adiantar a sentença.

"Because something is happening here
But you don't know what it is
Do you, Mister Jones?"



'É fácil, para o Senhor Zimmerman, julgar a culpa do trabalho mal feito em Mr. Jones.
Alguém que está acima do bem ou do mal, alguém que se recria, cria, e recria novamente sua própria personalidade.
Sua própria identidade.
Como uma cobra, deixa a antiga carcaça para trás.
Leva com ela só os lucros, e a glória.
Já tentou, nem que por um instante, Sr. Zimmerman, trabalhar num escritório?
Ter um chefe?
Não ser você mesmo, ser uma empresa?

"You try so hard
But you don't understand."

Eu mesmo, o que vos escreve, passo, das segundas as sextas, de 8 às 17 horas, sendo um imbecil, para tentar não sê-lo no restante do período.
Difícil.
Pois é difícil manter isso como uma máscara, que pode ser trocada quando eu bem entender.
Não pode ser trocada.
Eu pago minha hipoteca, diria o personagem de "Obrigado por Fumar".
Mr. Jones também.
Ele tem de dar explicações a seu chefe, assim como eu.
Você já teve chefe, Sr. Dylan?
Ou Sr. Zimmerman, se preferir?
Na concepção de chefe, para Tyler Durden, personagem de "Fight Club", um chefe pode ser uma visão de pai na sociedade moderna.
Você escondeu seus pais, Sr. Dylan.
Mr. Jones não.

"Well, you walk into the room
Like a camel and then you frown."

Ele está vagando por aí, tentando entender o que faz um homem andar pelas ruas nu.
Isso em 1965.
Se é complicado entender isso hoje, em 2009, imagine a 44 anos atrás.
Este que vos escreve, e defende o cliente, Mr. Jones, tem 2/3 dessa idade.
Ele tem uma obrigação a cumprir.
Eu também.
Como cães raivosos.
Você tem alguma obrigação, Sr. Zimmerman?'


Sim.
Me mostrar porque continuo comendo migalhas jogadas no chão.
Assim como Mr. Jones.
Enquanto você se delicia com o banquete.
Me viro e peço desculpas a Mr. Jones.
Já não posso mais defendê-lo.