segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Hang the DJ


O cara agora é dj.
O cara agora é videomaker.
Entre a turminha moderninha, ter uma dessas duas "profissões" é prova de alguém que REALMENTE importa. Menos, bem menos.
Teve um tempo que o cara bacana era o cara que tinha banda.
Guitar Hero, hou! Sabe aquele visual "largado", tipo guns'n'roses?
Esse mesmo.
Não mudou nem pra pior nem pra melhor, continuou patético.
E fraco.
Em qualquer clã, turma, gueto, ou nomenclatura que valha, e isso é instintivo, tem-se sempre a indicação da figura que sobressai. É o alfa. O rei da selva. O garanhão.
Leões demandam liderança e presença. A tendência do mais "forte" na selva é uma melhor qualidade de vida, apontada a partir de melhores frutos.
Seres humanos são péssimos pra entender essa parte, vide nazismo, entre outros "ismos".
Talvez por não saberem muito bem demandar a função de um "ponto direcional" entre seus pares, as figuras de "dj" e "videomaker", na grande maioria das vezes, seja tão burra.
Eles, em sua imensa maioria, não são exatamente os melhores (na grande maioria das vezes nem bons são, e nem me venha com a desculpa fácil e esfarrapada de: "isso é de acordo com gosto"), e, no máximo, tem um conhecimento básico do que estão fazendo. E pra disfarçar isso mantém uma postura blasé do tipo "eu não me importo com isso".
Deveriam se importar.
DJ's e videomakers são figuras importantes na (in)formação de pessoas próximas; conhecidos, parentes, amigos: são estes aí que vão ajudar a formar a personalidade de seus pares.
Mas o que aconteceu?
Aquela velha piada/comentário que ocorre em fóruns de internet, quando alguém dá uma bola fora: maldita inclusão digital.
E inclusão comercial também.
Equipamentos de som e vídeo se tornaram muito acessíveis nessa década, de certa forma com algo parecido com o que ocorreu no início da década de oitenta, quando sintetizadores mais simples e baratos permitiram acesso de jovens pobres à música pop, o que possibilitou o tecno-pop, entre outros gêneros musicais.
"I like to hate you"
De certa forma, na época, o lance era dar voz aos "oprimidos", aqueles que não tinham a 'formação' musical nem o dinheiro dos músicos em voga na época. Uma "vitória" do movimento pós-punk. É possível encontrar isso hoje nessa explosão de djs e videomakers. Em alguns casos, isso revirou de novo a cultura. Pop ou não.
Ter muita gente com acesso a todos os tipo de cultura pelo mundo é interessantíssimo, quebra barreiras e permite novas formas de pensamento. Ponto.
Agora chega de desculpas, ok?
A maioria absoluta NÃO sabe o que fazer com essa informação.
Ou então como vejo na maioria dos casos, a informação do sujeito é como um queijo; cheia de buracos. E ele tem a pachorra de querer passar essa meia informação à frente. Sem a menor dor na consciência. Porque ele "descobriu" antes.


Um exemplo:
Sujeitinho reprimido tá no conforto da sua casa, com o pc ligado na net. Ele baixa a sua preferida do Coldplay no soulseek (ou qualquer outro programa que baixa músicas), e de repente, sem querer, vem junto uma música do Echo and the Bunnymen. Ele achou que era Coldplay. Ah! Esse cara também, por ser meio esquisito, mas ter uns amigos mais descolados (talvez tão esquisitos quanto ele, senão mais), descola um trampo de discotecar numa festinha ( a palavra trampo aí foi uma piada, certo?). E ele, todo orgulhoso, toca a "nova" do coldplay, se achando o máximo; 'descobri uma deles que ninguém ainda tocou, hehe'.
A cena acima é real. Eu presenciei. Mas nem precisaria.
Isso está aí, nos cerca.
É tipo aquela moda que aconteceu muito no começo dessa década: a festa trash anos 80.
O sujeito aí em cima resolve colocar numa festa todas as músicas que só ele gosta ou só ele teve a péssima idéia de desencavar. Já percebeu que todas essas festas tocam as MESMAS músicas?
Deve ser um pacote emule, não sei. Agora pergunta um cara desse se ele conhece, sei lá, um Talking Heads ou um Aus Pairs. Grandmaster Flash. Ou um Yazoo, Duran Duran, pra ficar no pop. A Madonna, a Cindy Lauper, ele conhece bem. Mais uns 3. Talvez não saiba nem quem é Bruce Springsteen. Esse aí, por incrível que pareça, assumiu uma aura de indie no Brasil. Só aqui mesmo, tsc.
Ele é DJ. Ele está cheio de músicas em seu pen-drive.
E ninguém vai questioná-lo.
Como ele é bacana!
Um figura intocável.
Ele viu um curta de um cara da Polônia.
O cara agora é dj.
O cara agora é videomaker.
E continua babaca.

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